31.12.10

Para encerrar 2010 com estilo

O post anterior era mesmo para ser o último de 2010, só que desde a anunciada parada de férias, foram tantas as boas novas que me senti na obrigação de voltar aqui para uma nova saideira. Então vamos aos anúncios de despedida deste que foi, sem dúvida, o Ano do Vapor.

Para começo de conversa, no mesmo dia 22 de dezembro em que postei pela última vez, a Editora Underworld apresentou para seus leitores o primeiro capítulo daquele que talvez seja o livro mais esperado de 2011, com tradução de Fábio Fernandes. Abaixo, a chamada que a editora fez para a ocasião (o capítulo pode ser baixado aqui):


Prontinho para vocês o primeiro capítulo de Boneshaker de Cherie Priest uma das melhores aquisições que fizemos nos últimos tempos.

Decidimos junto com o tradutor que o título em português será Boneshaker, pq seria bem difícil conseguir uma nome equivalente em língua portuguesa, mas eu acho que ficou perfeito!

A capa vai ser a mesma logicamente, pq eu não ousaria tocar nessa obra de arte *O*

O que mais posso dizer? Quanto mais leio e conheço os livros steampunk mas eu me apaixono \O/
E já tou na fila para trazer outros no mesmo estilo \O/

Beijocas,
Fabi

Em seguida, no dia de Natal, um presente do Conselho Steampunk: o primeiro vidcast organizado pelo grupo. Abaixo, os tópicos que podem ser vistos no SteamCast (acesse aqui)

Este é o primeiro vidcast produzido pelo Conselho SteamPunk. Trata-se de um projeto ambicioso voltado para os Steamers de todo o mundo, sendo legendado em inglês quando a língua falada é o português e legendado em português quando a língua falada é o inglês.

O SteamCast tem como meta divulgar notícias, personalidades e obras relacionada a Cultura SteamPunk e a Ficção Especulativa, promovendo artistas nacionais fora do país e artistas de fora do país para os Brasileiros.

Nesta primeira edição Bruno Accioly fala muito brevemente sobre SteamPunk, sobre o Conselho SteamPunk sobre “SteamPunk: Histórias de um Passado Extraordinário”, da Rede Social de Literatura Fantástica aoLimiar.com.br, “Differential Engine”, Bruce Sterling, sobre a nova publicação do Conselho SteamPunk e sobre “Deus Ex Machina – Anjos e Demônios na Era do Vapor”. Ao fim do episódio segue uma entrevista de 20 minutos com o autor de “Frahnknshtyne”, Kevin Mowrer.

Apresentação, Edição, Redação, Tradução e Direção:
Bruno Accioly

Agradecimentos:
Carol Fortuna
Cândido Ruiz
Carlos Felippe
Romeu Martins
Lidia Zuin
Eduardo Santos
Lucas Sigaud

Uma produção conjunta:
dotweb.com.br
Conselho SteamPunk
aoLimiar . Rede de Literatura Fantástica
OutraCoisa.com.br

No dia seguinte, Alexandre Lancaster retomou sua série a respeito de mangás e animes dedicados ao steampunk. Na postagem que pode ser lida na íntegra aqui ele analisou a animação Steamboy, do mesmo criador de Akira, Katsuhiro Otomo. Segue um trecho:

Um detalhe curioso em Steamboy é que sua filiação à corrente moderna do gênero Steampunk (que poderia ser bem definida como "ficção científica de época") aparentemente é levantada por aspectos pós-modernos que fazem parte do que se espera do material com esse rótulo hoje em dia – a revisão de personagens históricas e ficcionais nesse novo contexto de ficção científica. O personagem histórico no caso é Robert Stephenson – um dos mais importantes nomes na história da tecnologia ferroviária. Curiosamente a própria vida de Stephenson o aproxima e muito da figura dos edisonades literários, uma vez que aos nove anos ele já interpretava desenhos técnicos e trabalhava na manutenção de maquinário – vale a pena forçar um pouquinho o inglês e dar uma olhada AQUI.

Por fim, chegamos ao penúltimo dia de 2010, quando as novidades vieram em dose dupla. A primeira delas foi a realização do segundo SteamCon, o encontro virtual promovido também pelo Conselho Steampunk com entusiastas do gênero de todo o país. O evento repetiu o sucesso de sua estreia no ano anterior, conforme pode ser visto aqui e na apresentação escrita para a ocasião, abaixo:


A primeira Virtual SteamCon se deu em 2009 e foi um sucesso entre um então crescente grupo de entusiastas do gênero SteamPunk.

Agora em 2010, “O Ano do Vapor”, o Conselho SteamPunk deu de presente de Natal à uma legião crescente de entusiastas do Movimento SteamPunk, o vidcast bilingue sobre o gênero e, como não podia deixar de ser, resolvemos promover mais uma reunião, que vai se dar no dia 30 de Dezembro de 2010 às 21 horas, neste mesmo endereço.

Não deixe de aparecer aqui para encontrar amigos e outros interessados em Cultura SteamPunk.
Veja como foi a Virtual SteamCon 2009

E para encerrar, a última e bombástica notícia do ano foi concebida exatamente durante as conversas do SteamCon. M D. Amado, da editora Estonho, anunciou aquela que vai ser a mais nova coletânea steamer do Brasil, desta vez totalmente dedicada às escritoras do Brasil. Abaixo, a chamada e a capa, ainda provisória, do livro, conforme postadas originalmente neste endereço:


Já temos a antologia Deus ex machina, representando o Steampunk na editora Estronho, mas em 2011 vamos dar um toque feminino ao Steampunk. A imagem abaixo NÃO É a capa definitiva. Apenas uma chamada para o que vem por aí... Meninas, vão se preparando, pois a Editora Estronho irá lançar em 2011 a antologia STEAMPINK, uma antologia Steampunk escrita apenas por mulheres, mas que tem como padrinho e prefaciador, ninguém menos que Romeu Martins!

Em breve mais informações... Acompanhem o site e o @estronho


 E então? Não é ótimo fechar o ano com tantas boas notícias? O Ano do Vapor não poderia se despedir de maneira mais adequada que assim, com as caldeiras a toda. E sinalizando que 2011 também vai ser um grande ano, provavelmente superando a quantidade de lançamentos e de eventos que tivemos nos últimos 365 dias. Que assim seja! Um abraço a todos os amigos da Malta do Vapor e até a próxima.

21.12.10

Adeus ano velho, feliz ano (do vapor?) novo

Saudações, cara Malta do Vapor.

Este é o post número 301 publicado em  2010 e o último deste ano que foi consagrado ao vapor. Minha ideia inicial era fazer um balanço em relação ao que estava previsto para ser lançado ao longo destes 12 meses - lembram-se do último post de 2009? - e o que de fato chegou às livrarias; somado a novidades que vieram sem esperar. Uma dessas novidades que me pegaram especialmente de surpresa ainda pretendo resenhar com calma: a versão Absolute do primeiro volume da Liga Extraordinária. Mas o Ano do Vapor chega. ao menos formalmente, ao fim de uma maneira que me pega bastante envolvido em outros projetos (um deles é escrever a tempo de cumprir o prazo um conto fantástico que se passa no dia 6 de junho de 1866). Talvez seja melhor aguardar a publicação de todo o material anteriormente anunciado para só então fazer tal balanço, concordam?


Mas para não deixar os leitores que tão fielmente acompanharam o blog em algum período desta jornada de quase dois anos, preparei algo especial para este post de encerramento das atividades do Cidade Phantástica. Uma colaboração da minha querida amiga Giseli Ramos resenhando o livro que me foi presenteado por Marcelo Augusto Galvão - alguém se lembra?, não acharam que eu ia deixar o ano acabar sem voltar ao assunto, certo? Esta é uma boa maneira de me despedir por ora de todos vocês, deixando-os com uma companhia bem melhor que a minha. Um abraço aos amigos e, com vocês, a Gi!


Inteligências vaporware


Por Giseli Ramos

O Romeu Martins teve a gentileza de me emprestar para leitura o livro "Whitechapel Gods", de S. M. Peters, que tinha na trama inteligências artificiais a vapor em pleno século 19. Claro que queria ler algo do tipo, só para imaginar algum cenário ainda que remotamente factível num universo onde a máquina diferencial de Babbage tivesse vingado e Ada Lovelace conseguisse executar seu primeiro programa.

A primeira coisa que me chamou atenção antes de mesmo abrir o livro foi a capa, muito bem feita e imaginativa, desenhada por Cliff Nielsen. Aliás, outros trabalhos do artista podem ser conferidos aqui (tem algumas ilustrações bem lindas mesmo): http://www.shannonassociates.com/artists/index.cfm?artist_name=cliffnielsen

A trama se passa em uma região da Inglaterra, meados do século 19, dominada por duas inteligências artificiais mecânicas, chamadas de "Mama Engine" e Vovô Relógio (nomes bem ameaçadores...). A história tem todo um jeito weird e steampunk. Os personagens humanos tentam se libertar do domínio desses deuses a vapor, tentando incitar uma revolução e lutando contra as forças armadas híbridas dos deuses mecânicos (compostas por humanos transformados parcialmente em máquinas, a maioria contra sua vontade).

O livro é interessante simplesmente por conseguir desenvolver a ideia, ainda que meio inverossímel, de IAs mecânicas na história. Mas peca por continuidade e fluxo, a primeira metade do livro é um pouco confusa, o leitor demora um pouco para se inteirar dos eventos que acontecem no livro. Mas as coisas começam a engrenar na segunda metade do livro, pelo menos salvando um pouco.

Posso chutar que o autor teve Matrix (e outras histórias parecidas) como inspiração, pois o tema de humanos tentando se livrar de uma realidade controlada por máquinas é certamente bem familiar na ficção. Mas não tem nada de clichê em uma Matrix vitoriana e é uma tentativa louvável ainda que não muito bem feita. O autor poderia ter explorado melhor o potencial do livro, como por exemplo, explicar melhor como ocorria a interface mecânica-vapor-humana e explicitar certos pontos históricos na trama, além de mostrar de maneira mais direta as motivações de alguns dos personagens.

Mesmo não sendo um livro profundo, vale a leitura, só pela imaginação de uma Matrix vitoriana.


14.12.10

E veio mesmo mais Brazilian Steampunk 2

Continuando com as boas notícias internacionais, outro conto brasileiro acaba de ser publicado em inglês em um site anglófono. Desta vez é a tradução para "Uma vida possível atrás das barricadas", de Jacques Barcia, editado orginalmente na coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário. Vertido para "A life made possible behind the barricades", o texto está disponível em pdf no site da Tachyon Publications como material complementar da antologia Steampunk Reloaded, organizada por Jeff VanderMeer.

Beyond the aethership’s window, Catalonia shone like a brass and crystal star, lost and alone in the vastness of space. Kilometric antennae cast to the void, flowers carved over its colossal hull and around the main station’s atrium, beautiful stained glasses, and asymmetrical lines. Art. Home, if everything goes well. It has always bothered Fritz, this tick-tock speeding up inside his chest. It knotted his guts, tightened his pneumatics. And of course there was the noise, the clocks emphasizing his anguishes, excitements, dreads and delights, right there, for everyone to hear. But now he tried to keep himself calm, the glassy cold window against his icy metal forehead, their battle breaking the silence in the cabin with a sharp sound.

Continua.

E veio mesmo mais Brazilian Steampunk

Anunciei que uma excelente iniciativa para a ficção científica brasileira estava sendo executada no dia 29 de outubro:

Uma ótima novidade acabou de ser revelada no blog de Jeff VanderMeer depois de um misterioso anuncio comentado em um post anterior: em parceria com uma dupla sempre comentada por aqui, o americano vai deixar à disposição dos leitores anglófonos a partir de novembro os trechos iniciais de todos os oito contos da coletânea lusobrasileira Vaporpunk! (Não costumo usar exclamações por aqui, mas esta ótima surpresa, certamente vale) Essa atração, bem como a tradução completa da noveleta "Um vida possível atrás das barricadas", de Jacques Barcia, originalmente publicada em Steampunk - Histórias de um passado extraordinário, será um material complementar da antologia que foi recentemente compilada pelo próprio VanderMeer: a Steampunk Reloaded.


Estas traduções foram feitas em cortesia por Fabio Fernandes e Larry Nolen, e pretendem dar ao público de língua inglesa um gostinho do que os steampunkers brasileiros estão fazendo (E espero poder trazer traduções completas mais tarde.

 Pois agora, a iniciativa acaba de se concretizar em uma pareceria entre a Tachyon Publications e o site Beyond Victoriana. Naquele endereço estão publicados com exclusividade trechos em inglês das noveletas luso-brasileiras editadas pela editora Draco na coletânea Vaporpunk. Como explicado na introdução, que traduzo abaixo, trata-se de uma oportunidade fantástica para que editores anglófonos tomem conhecimento do material e venham a trazê-lo para novos públicos, um feito a ser comemorado por todos os apreciadores da ficção especulativa brasileira (e portuguesa):



Em cooperação com a Tachyon Publications, Beyond Victoriana está orgulhosa em apresentar os seguintes excertos da antolologia steampunk brasileira Vaporpunk. Isso mesmo, aqui é o único lugar onde os leitores do idioma inglês sentirão um gostinho do steampunk desta coleção. Abaixo, incluímos os teasers no português original e na tradução.

As histórias completas de  Vaporpunk só estão atualmente disponíveis em português e estão à procura de uma casa em língua inglesa. Esperamos que após postar tais teasers traduzidos aqui, uma editora ficaria interessada o suficiente para discutir a aquisição de direitos de tradução do inglês para qualquer uma dessas histórias. Interessados podem entrar em contato com Fábio Fernandes em zeroabsoluto [arroba] gmail [ponto] com para mais detalhes.

Agora, vamos às histórias!

Elas estão esperando lá, com exclusividade.

11.12.10

Um presente inesperado 2

Olhem que belezinha eu ganhei de minha querida amiga Débora Aquino, que soube escolher um presente que tem tudo a ver com meu gosto por tecnologias do passado:


Esta caixinha adornada com o telefone do século XIX, criado por Valéria Correia, é de causar inveja ao Graham Bell (1847-1922), hein? Brigadão, Dé!

10.12.10

Uma honra mais do que inesperada 2

Isso está ficando cada vez melhor. Acabo de descobrir quem vai ser o prefaciador da coletânea Deus Ex Machina - Anjos e demônios na era do vapor. A informação está na apresentação do projeto, no site da editora Estronho:

Os calendários são simplesmente ignorados por aqueles que combatem pelo bem ou pelo mal, numa guerra sem vencedores. As grandes batalhas distribuem louros entre os dois lados, em uma dança milimétrica da balança. Mas esse equilíbrio esteve ameaçado em uma época em que a elegância do vestuário das senhoras e cavalheiros convivia, não sem uma ponta de contradição, com o peso e a estranheza dos acessórios e equipamentos utilizados por uma civilização que começava a descobrir as maravilhas da tecnologia.

Anjos e demônios escolheram aquele tempo, utilizando-se de todos os artifícios armamentos e equipamentos possíveis, e encenaram algumas das mais terríveis batalhas de que a humanidade já presenciou. De conflitos e duelos isolados a confrontos sangrentos entre os exércitos das trevas e da luz.


Essa é a proposta de Deus ex machina: anjos e demônios da era do vapor. Leia o regulamento e envie seu conto. Entre em uma das batalhas e participe dessa elegante guerra entre os bem e o mal.

Com organização de Cândido Ruiz, Tatiana Ruiz e M. D. Amado. Autor Convidado: Romeu Martins. Prefácio de Bruno Accioly

Já estão disponíveis também o regulamento para o envio de contos para o livro e a minha ficha como autor da editora. Como eu disse, isso está ficando cada vez melhor.

9.12.10

Uma honra mais do que inesperada

Caríssimos amigos da Malta do Vapor, acho que só me conhecendo um pouco para ter ideia do quanto estou emocionado neste momento. Desde que comecei com a mais honesta das despretensões a escrever ficção ali pela metade final de 2008 que só surgem boas notícias deste mundo da ficção científica, fantasia e horror. Mas desta vez o pessoal se superou em me surpreender. Como acabou de ser noticiado no blog Café de Ontem em primeiríssima mão fui chamado para ser escritor convidado em uma nova coletânea da editora Estronho (capitaneada, aliás, por M.D. Amado, que estava presente no livro que publicou meu primeiro conto, Paradigmas #1). Até aí, eu já sabia, bem como o tema do livro, claro, e o fato de a organização ficar a cargo do meu querido casal steamer Cândido Ruiz e Tatiana Ruiz (Lady Bigby). Agora tudo o mais, passando pela capa e pelo título, foram novidades até para mim, acreditem.


E que novidades! Deus Ex-Machina - Anjos e Demônios na Era do Vapor é o título, escolhido pelo publicitário e escritor Rober Pinheiro. A capa, deslumbrante em minha honestíssima opinião, é a que segue abaixo, criação do próprio dono da editora:



Assim que eu tiver mais detalhes e a autorização para divulgar um trecho do meu conto - "A conquista dos mares" - podem ter absoluta certeza de que terei prazer em anunciar.

Olhares sobre a História

A capital de Santa Catarina, a antiga Vila de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, vai sediar um novo encontro Reconstrutivista organizado pela Sociedade Histórica Desterrense. O evento vai ocorrer justamente no dia do aniversário da cidade, no próximo 23 de março. Seguem abaixo, o lindo convite e o emocionante release produzidos por Pauline Kisner para divulgar o evento.



"A memória é o espelho onde observamos os ausentes" (Joseph Joubert)

Fala-se de um tempo que distintas senhoras caminhavam de braços dados com cavalheiros de fino trato, percorrendo ruas estreitas, de calçamento irregular. Tempo em que as águas límpidas da Baía beijavam os pés do Mercado Municipal e o ritmo da vida era marcado pelo dobrar dos sinos da Catedral. Os elegantes faziam piqueniques à moda inglesa, numa praça ainda cercada, e assistiam às óperas no Teatro Princesa Isabel. Dançavam seus carnavais nos requintados salões da Rua Augusta, entre polcas, valsas e xotes. Compareciam em peso aos saraus, onde sempre havia uma dama ao piano ou a cantar com voz de anjo. Quando cansados, retiravam-se para suas chácaras na Praia de Fora, para contemplar o mar.

O tempo aboliu sombrinhas e cartolas. A terra avançou Baía adentro. Os sinos dobram apenas para si. A praça perdeu seus muros e ganhou uma figueira. O Teatro Princesa Isabel tornou-se Álvaro de Carvalho. Não há mais bailes na Augusta; há apenas a João Pinto. Não se fazem mais saraus e em poucas casas há agora pianos ou senhoritas cantoras. As chácaras da Praia de Fora cederam lugar às coberturas de onde se contempla mais carros e asfalto do que o mar.

Ah, quão impiedoso foste tu, ó Tempo!Deixaste-nos apenas alguns lugares de memória, tristes e silenciosos promontórios de contemplação do passado...Que nos resta senão a contemplação dos ausentes e o ímpeto de trazê-los de volta à vida?




***************

Como seu début, a Sociedade Histórica Desterrense apresenta "Olhares sobre a História", uma saída fotográfica com o objetivo de registrar e resgatar a memória patrimonial de Florianópolis. Programada para 23 de março de 2011, como um presente de aniversário para a cidade, o evento reunirá aficionados pela História, trajados de acordo com um recorte histórico que se estende da Renascença à Primeira Guerra Mundial.

Tendo como plano de fundo construções bicentenárias, os participantes caminharão pelo Centro Histórico sob as lentes de uma equipe de fotógrafos selecionados pelo grupo. A proposta é "reviver o passado", evocando modos e costumes antigos, e prestar uma justa homenagem à capital e à memória dos catarinenses.

8.12.10

Memória steamer

Um tópico aberto por Mrs. Damballah na comunidade do Conselho Steampunk do Paraná me fez pensar nos primórdios de meu interesse sobre a associação entre ficção científica e passado. Normalmente digo que ele surgiu após a leitura do primeiro volume da Liga Extraordinária, a série em quadrinhos de Alan Moore e Kevin O'Neil. Mas forçando um pouco mais a memória, me dou conta de que a primeira vez em que me bateu aquela sensação de maravilhamento com o tema foi mesmo anos antes com outra HQ. No caso, a que saiu originalmente na revista abaixo: X-Men #132, de abril de 1980 (no Brasil, ela foi publicada na saudosa revista Superaventuras Marvel, da editora Abril):


Parte integrante da lendária Saga de Fênix, a história "And Hellfire is their name!" apresentava pela primeira vez todos os integrantes da organização secreta que ficou conhecida no Brasil como Clube do Inferno. Criados pela dupla Chris Claremont e John Byrne, aqueles personagens se tornaram alguns dos principais inimigos dos anti-heróis mutantes. A inspiração dos quadrinistas, como bem explica a Wikipédia, veio do seriado televisivo The Avengers. Tanto os inspiradores da TV quando os inspirados dos quadrinhos se baseavam na verdade no século XVIII e não no XIX, o favorito da cultura steampunk. Porém, tenho certeza de que ver aqueles sujeitos usando suas vestimentas clássicas entre armas de raios lasers e ciborgues ativou muitos dos meus neurônios movidos a vapor.

Agradeço a Mrs. Damballah - cujo momento definidor da cultura steamer foi assistir a este vídeo, aos oito anos de idade - por ter me ajudado a fazer esse exercício de regressão mnemônica.

7.12.10

Superdotados e Eticamente Ilimitados 2

Demorou um tanto a mais do que eu esperava, mas saiu pela NewPOP Editora o segundo e penúltimo número do mangá Hollow Fields, cuja edição de estreia resenhei por aqui em agosto. Relembrando: é uma série criada pela australiana Madeleine Rosca e premiada no país inventor do estilo que ela emulou com muita competência - chega a ser difícil acreditar que não estamos diante de um autêntico exemplar de gibi nipônico. Nessa série, acompanhamos a trajetória de Lucy Snow, uma garotinha de nove anos e meio com seu pequeno dinossauro de brinquedo, na escola para jovens supervilões do título. Se na primeira edição éramos apresentados aos poucos à protagonista, ao ambiente escolar com suas exóticas disciplinas e aos vários estudantes e professores que circulam por aqueles corredores, aqui temos detalhes mais aprofundados de alguns personagens. É o caso da diretora de Hollow Fields, a senhora Weaver, que surge logo nas primeiras páginas em um flashback de oitenta anos do passado, mostrando as origens daquela academia e da exótica tecnologia entre o clockpunk e o steampunk que movimenta, no presente, a ela e a muitos dos seus comandados.

Nesta parte intermediária da trama, também vemos um pouco mais da personalidade da protagonista: ela deixa de ser apenas a menina assustada do número anterior para tentar se impor naquele ambiente cercado de vapor e engrenagens. O desafio de Lucy é sobreviver em uma instituição onde ser o aluno menos capacitado significa uma misteriosa punição que pode ser fatal; porém, onde se destacar demais é a certeza de atrair o ódio de colegas invejosos e não menos mortais. Entre uma lição de destruição e outra, a garotinha sem vocação para o mal deve encontrar quem possa ser seus aliados para descobrir os segredos de Hollow Fields e do misterioso moinho para onde são levadas todas as semanas pelo menos uma criança daquela escola, como castigo por não se dedicar o suficiente aos estudos.

O destaque continua a ser a arte extremamente dinânica de Madeleine Rosca e, como curiosidade, o leitor pode acompanhar um tanto da evolução dela até chegar ao estilo adotado na HQ. Entre os extras desta segunda edição, há no final toda uma sequência alternativa ao comentado flashback que abre a história, feito com desenhos bem mais estáticos que os oficiais (uma outra curiosidade é que a revisão do texto por parte da editora errou a conjugação do verbo "ver" na versão oficial e acertou na alternativa). Muito interessantes também são as tirinhas verticais com um clima mais ameno e humorístico das desventuras de Lucy Snow, também entre os extras. Um alívio e tanto para a cena de tensão no ponto em que a história se encerra nesta edição e que deixa um belo gancho para a conclusão da série - espero que não atrase muito desta vez.

5.12.10

Mais vapor no Nordeste

A expansão do Conselho Steampunk continua firme e forte: a mais nova loja a integrar o grupo de entusiastas do gênero está localizada em Alagoas e acaba de inaugurar seu site. Este blog deixa aqui suas saudações e reproduz parte do texto de abertura abaixo.


Após mais de dois anos de existência, no fim do ano do vapor o conselho marcha ao Nordeste com a Loja Alagoas. Não se deixem enganar pelo nome, senhoras e senhores, este não é um estabelecimento comercial. Estamos aqui para estimular o desenvolvimento do Steampunk no estado.

Antes de tudo, queremos criar uma base para o nascimento do Steampunk por aqui, já que poucos sabem do que trata o gênero ou sequer ouviram falar dele. Assim, vamos postar diversos textos introdutórios, para que todos tenham referências fáceis nos mais diferentes temas. Para os que chegam agora, o básico.

A Loja Alagoas vem também para reunir os que já conhecem o Steam, e para esses, nos aprofundaremos na música, literatura, no steamplay e muito mais.

E finalmente, queremos ajudar àqueles que querem fazer parte do grande grupo que é o Conselho a começar a produzir cultura, seja ela escrita, filmada, encenada, como for, ou simplesmente a se divertir e se reunir com pessoas que dividem gostos e idéias parecidas.
Continua

4.12.10

Aventureiros do passado

Como eu havia adiantado no último post de novembro, passei este comecinho de dezembro meio isolado do mundo blogueiro e twitteiro para cobrir um evento internacional em Florianópolis. Felizmente, nestes dias, minha caixa postal não ficou tão isolada quanto eu e recebi dos próprios autores notícias sobre lançamentos de obras já comentadas por aqui que me deixaram muito feliz. Ambas as iniciativas são da editora Devir.

A primeira delas, é na verdade um relançamento. Aquela editora vai republicar a HQ Fawcett, de André Diniz e Flávio Colin, obra que já havia saído antes de forma independente pela editora Nona Arte. Já tive o prazer de resenhar o álbum neste espaço e recomendo muito a quem não teve ainda a oportunidade de conferir o material que não perca essa chance de ler um dos melhores trabalhos de quadrinhos feitos nos últimos anos no Brasil.



A segunda iniciativa é a estreia da Devir no segmento de livros de bolso. E ela faz isso lançando no Brasil a obra do escritor americano Christopher Kastensmidt que, não só é radicado em nosso país há mais de dez anos, como escolheu esta terra como cenário para sua série intitulada "A Bandeira do Elefante e da Arara", sobre a qual comentei aqui. Duplo Fantasia Heroica: O Encontro Fortuito de Gerard van Oost e Oludara/A Travessia vai unir o trabalho de Kastensmidt com o do paulista Roberto Causo, um dos contistas presentes na coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário



Dois lançamentos que unem fantasia e aventura no passado do Brasil. Ficarei de olho nas livrarias e bancas.

Torre de Vigia 38

Mais de um ano depois do lançamento, surgem novas resenhas da coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário. O comentarista da vez é o quadrinista e escritor Mushi-san que escreveu a respeito do livro em seu blog. Para manter a tradição desta seção do Cidade Phantástica, irei postar abaixo a introdução do texto e a parte em que o resenhista se refere a meu conto, deixando o link para a íntegra aqui.


*Para mim*, steampunk é aquele gênero de histórias de ficção científica que tenta resgatar o clima das primeiras histórias do gênero: são passadas numa Era Vitoriana imaginária, com maquinários fantásticos (de computadores à maquinas voadoras, utensílios domésticos e tudo o mais) movidos à vapor cheias de engrenagens e rebites, a ciência vista como benéfica e progressista... É comum dizerem que são histórias ambientadas em universos similares aos criadores da FC como a conhecemos: Verne, Wells e cia.

(Falei em Ficção Científica, mas algumas vezes o gênero cai em História Alternativa, o que não deixa de ser interessante. Nesse volume, várias histórias poderiam ter como chamada "o que aconteceria se... a República não tivesse sido proclamada" ...deve ser nossa ucrônia favorita^^)

Eu sei que não é essa exatamente a explicação oficial pro termo, mas é quase (pros detalhistas, a wikipédia tá aqui, a um clique de distância) e foi com esse conceito em mente que peguei Steampunk – histórias de um passado extraordinário, lançado ano passado pela Tarja Editorial, uma das poucas no Brasil a investir de verdade em textos nacionais de Ficção Científica e Fantasia, pra ler :) O livro é uma onde autores nacionais escrevem nove histórias steampunk...

...ou quase isso. (...)


• "Cidade Phantástica" do Romeu Martins é o outro conto do livro que não me apateceu. Não sei se foi ter enredos demais num só conto (começa uma coisa, vira outra e termina como outra, como já me apontaram) ou se alguns personagens ficaram caricatos demais, ou se simplesmente não tem "novidades" na história. Não curti.

De repente, mui provável, eu que seja chato mesmo^^