30.9.11

Uma Noite na Taverna

O novo evento da Sociedade Histórica Desterrense traz mais uma vez a combinação perfeita de boa comida e literatura de primeira. No último sábado de outubro, a partir das 16h, no Café das Meninas, do Estreito, o grupo reconstrucionista espera os amigos para confraternização com receitas de época e uma conversa sobre nosso melhor escritor. A obra escolhida de Machado de Assis é um de seus contos fantásticos, na dupla interpretação da palavra, que já publiquei algum tempo atrás em meu outro blog: "A Igreja do Diabo". Altamente recomendado. Vamos passar um fim de tarde e começo de noite agradável na taverna? Espero os amigos por lá.

28.9.11

Anjos e Demônios autografado

Falei no post anterior da coletânea Deus Ex Machina - Anjos e Demônios na Era do Vapor, que ganhou um booktrailer de dois minutos no YouTube. Pois agora, quem pode ganhar o livro é o caro leitor e com direito a autógrafos de quatros dos escritores presentes na obra. A iniciativa é de Celly Borges, revisora do livro e primeira-dama estronho, e seu blog Mundo de Fantas. Para concorrer nesta promoção, entre neste link e siga as regras. Boa sorte!

27.9.11

Booktrailer de Deus Ex Machina

Assistam ao vídeo de dois minutos que M.D. Amado, da editora Estronho, produziu para promover a coletânea steamer Deus Ex Machina - Anjos e Demônios na Era do Vapor. Lembrando que naquelas páginas estou presente com o conto "A Diabólica Comédia - A Conquista dos Mares". Disponível no canal da editora no YouTube.

26.9.11

Descanse em paz, Sergio Bonelli

Se o steampunk é objetivamente sobre o imaginário do século XIX, a pessoa que mais influenciou o que sei a respeito daquele período morreu hoje pela manhã, o editor de quadrinhos italiano Sergio Bonelli. Pelos estúdios que levam o nome de sua família, ele editou a maioria dos quadrinhos de faroeste que li e uma boa parte do melhor relacionado a mistério e a terror. Todos os meses, compro nas bancas as melhores HQs disponíveis em nosso mercado, J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga e Mágico Vento. Notem que não falei algumas das, mas as melhores mesmo. Tenho todos os números de Marvel Max, compro todos os meses a Vertigo, da DC, mas nenhuma dessas revistas é tão boa e tão regular quanto aqueles dois fumetti, editados por Sergio Bonelli.

O primeiro, um título de investigação que tem a melhor personagem feminina que conheço nos quadrinhos, é escrito pelo mesmo criador de Ken Parker, uma de minhas série favoritas de todos os tempos, Giancarlo Berardi. O outro, com textos de Gianfranco Manfredi, é uma revista de weird western de primeira, que algumas vezes conta com a presença dos desenhos do outro responsável por Ken Parker, Ivo Milazzo. Graças àquele editor e à sua Bonelli Comics, tive acesso a material de tamanha qualidade durante minha infância, adolescência e até os dias de hoje, passando por uma diversidade de casas editoriais nacionais, da Vecchi à atual Mythos, passando por Record e Globo. Só posso deixar meus agradecimentos a ele, pela missão tão bem cumprida e, para os leitores, alguns links de posts que escrevi a respeito por aqui: Cowboys e Aliens; Weird Western nos quadrinhos - Mágico Vento; e  Cursed City em Mágico Vento.

23.9.11

Homens de aço

Resenha nova no UniversoHQ: desta vez comentei sobre uma minissérie dos quadrinistas americanos Brian Azzarelo e Lee Bermejo reunida em edição única pela Panini. Um dos principais embates do mundo dos quadrinhos narrado do ponto de vista do antagonista dos maior dos super-heróis. Abaixo, segue o trecho inicial, para ler mais, clique aqui:

A capacidade de fazer o leitor vivenciar novas perspectivas, bem diferentes de suas convicções habituais, é uma das habilidades mais ambicionadas por escritores, independentemente da mídia em questão: da literatura aos quadrinhos, passando pelos roteiros de teatro, cinema e televisão.

Como o assunto aqui são as HQs, impossível não lembrar do trabalho feito por Alan Moore na criação do personagem Rorschach em Watchmen como um dos exemplos máximos de tal capacidade de provocar empatia alheia.

O quadrinhista britânico dedicou tamanho empenho à construção da personalidade daquele controverso anti-herói encapotado, que muitos poderiam pensar que ele próprio defende ideias semelhantes.

No entanto, quem conhece algo do criador, um anarquista convicto, sabe que Moore não poderia ter uma ideologia mais distinta daquela defendida por sua criatura fascistoide.

Algo assim foi feito pelo norte-americano Brian Azzarello em relação a um personagem que não é de sua autoria e já ganhou versões diversas pelas mãos de muitos dos melhores profissionais da indústria dos comics. Em Lex Luthor - Homem de Aço, ele permite ao leitor um mergulho em profundidade na mente do grande inimigo do primeiro super-herói da DC Comics.

22.9.11

Uma nova palestra sobre steampunk

Uma novidade das mais inesperadas e bem-vindas deste 2011 foram os convites que recebi para falar em público sobre o tema deste blog nos mais diversos eventos. Tudo começou em São Paulo, no lançamento do livro Mortal Engines quando recebi minha comenda; passou pela minha participação, ao lado de Fábio Fernandes, na HQCon; e teve ainda a que achei ser a última, com a palestra que a Sociedade Histórica Desterrense deu no Wasabi Show. Pois é, achei, mas não vai ser. Pois recebi do agitador cultural Rodrigo Augusto, mais conhecido pelos fãs de cultura japonesa da região do Vale do Itajaí como Macks, o convite para falar sobre steampunk em um novo evento ligado a mangás e animes, o AniQuest.


Como pode ser visto acima, pela mascote do evento, com seu monóculo e fivela em forma de engrenagem, o interesse da organização pela cultura steamer é mesmo forte. Acredito que vá ser um evento dos mais interessantes este que vamos ter no dia 15 de outubro, na bela cidade de Itajaí. No site especialmente criado para a ocasião, já há destaque para nosso bate papo.

20.9.11

R.I.P. - Read In Peace

A única  certeza que tenho sobre 2012 é que não terei como superar ou mesmo igualar minha produção editorial deste ano, seja em papel ou no mundo virtual. E acaba de sair mais uma publicação em bytes para se juntar à verdadeira biblioteca da qual tive o prazer de participar nos últimos meses - a saber, 1000 Universos, Vapor Marginal e Hyperpulp. A mais recente da lista, ao contrário das anteriores, não é uma edição de estreia, mas sim de consolidação e de retomada de um projeto. R.I.P. 7 é a edição comemorativa dos quinze anos do site Estronho e Esquésito, um pioneiro da internet desenvolvido pelo mesmo M.D. Amado que criou a editora Estronho pela qual lançou também em 2011 as coletâneas Cursed City - Onde as almas não têm valor e Deus Ex Machina - Anjos e Demônios na Era do Vapor que contam com histórias minhas (além de Steampink, livro que tive o prazer de prefaciar). A capa pode ser vista abaixo:



Para o ezine comemorativo escrevi um depoimento breve que, ao lado de outras figuras de peso do fandom nacional, enfatizam a importância daquele site para nosso país:

Quinze anos? Em idade de cachorro isso dá mais de um século e em tempo de internet, quanto é? Respondo: é praticamente a eternidade. Sim, porque o site Estronho e Esquésito tem quase o mesmo tempo de existência da internet comercial no mundo. Quando ele estreou, em setembro de 1996, poucas eram as pessoas no Brasil que acessavam a rede com alguma regularidade, o assunto ainda era quase ficção científica. E o Estronho já estava lá, divulgando e fomentando a FC propriamente dita, o horror e a fantasia em nosso país. Desde sempre. Que seja imortal e para sempre dure. Parabéns, M. D. Amado, é uma honra ter você como editor.
Uma outra colaboração minha naquelas páginas virtuais é um artigo sobre retrofuturismo, dando espaço não apenas ao steampunk mas a outras formas de contar futuros que deixaram de acontecer em diferentes períodos do tempo. O texto é a adaptação especialmente feita para aquela revista de um post dos mais acessados deste blog, material que serviu de base para a palestra que Fábio Fernandes e eu demos na edição deste ano da HQCon. Fora isso, R.I.P. 7 traz diversas outras atrações, como o resultado de um concurso de nano e minicontos que teve como tema baile de debutantes; contos de literatura fantástica voltados ao universo infanto-juvenil, lançamento de um concurso (com direito a prêmios) para a escolha de um novo mascote para o site e muito mais. O destaque fica por conta do projeto gráfico extremamente ousado que M.D. Amado fez para a revista, usando todos os recursos que a publicação on-line permite (a começar pelo número de páginas ímpar, 59, uma impossibilidade no mundo físico). Notem o uso de cor e imaginem o que seria possível fazer no papel se os custos fossem menores. O material, bem como edições anteriores do zine, pode - e deve, claro - ser baixado aqui.

19.9.11

Conan, Espada & Magia

Bem, meu tempo disponível para o blog ainda está curto em setembro. Queria fazer uma resenha do recente filme de Conan, mas nem a produção me empolgou muito para escrever a respeito, nem sobra muito espaço entre um compromisso e outro para desenvolver algo decente sobre o que achei do filme (resumo: o protagonista nem é tão ruim, mas os coadjuvantes são péssimos; o roteiro é fraco; é razoavelmente bom na parte da Espada, mas muito ruim na de Magia; o 3d é acima da média; o começo é bom, o final é constrangedor). Para não deixar passar a oportunidade de pelo menos citar um de meus personagens favoritos, resolvi resgatar alguns textos antigos para quem se interessar pelo que eu tenho a dizer sobre o assunto de forma mais geral.

O Crônicas da Ciméria é um portal muito bacana, que reúne material produzido pelo criador do bárbaro, o texano Robert E. Howard, e muitos textos analisando o legado do personagem. Lá é possível ler algumas matérias minhas. Por exemplo, esta sobre quando houve a última tentativa de resgate da popularidade do cimério nos quadrinhos:

Conan ganha mais uma chance de fazer sucesso nos quadrinhos

Nem Homem-Aranha, nem Batman, nem os X-Men, nem Super-Homem. No Brasil, o personagem recordista em números de revistas em quadrinhos regulares batizadas com seu nome é um certo bárbaro que foi criado originalmente para figurar em livrinhos de pulp fiction. Agora, chega às bancas uma nova integrante para a lista que inclui Espada Selvagem de Conan; Conan em Cores; Conan, o Bárbaro; Conan Rei; Rei Conan; Conan Saga; Conan, o Aventureiro... (isso tudo fora almanaques especiais, revistas-pôsteres, quadrinizações dos filmes, graphic novels e até as seis edições pré-históricas que rebatizaram o personagem como Harthan, o Selvagem [!]). Conan, a Lenda é um prelúdio, um número zero, que a Mythos Editora lança no Brasil apenas quatro meses depois de sua publicação nos EUA, onde bateu recordes de vendas. A revista, de apenas 20 páginas, serve por sua vez de aperitivo para Conan, o Cimério, a publicação que a partir de abril passará a limpo, todos os meses, a carreira da maior criação de Robert E. Howard (1906-1936).

Tem também esta entrevista que fiz com alguns dos responsáveis pela iniciativa do portal, em que falamos sobre a expectativa de um possível novo filme:

Existe um endereço que é a referência nacional a tudo o que diga respeito a Conan e a Era Hiboriana: (...) Crônicas da Ciméria. Mantido há três anos por Osvaldo Magalhães e mais recentemente em parceria com Alessandro Nunes, que reformulou totalmente o site, o portal antigamente era vizinho d´ O Malaco (o site antecessor do marca Diabo) na HPG. Em seu novo endereço, a home page dedicada ao personagem ganhou contornos profissionais e aumentou o conteúdo aos seus usuários, chamados de Discípulos do Aço entre eles.

Para saber o que esses especialistas em Conan estão achando das novidades a respeito do bárbaro, como sua nova revista e os boatos em torno de um terceiro filme, o Marca Diabo acionou por e-mail o cronista Osvaldo Magalhães e o discípulo Douglas Oliveira Donin. Em suas identidades civis, ambos são bancários e ávidos colecionadores de praticamente tudo o que leva a marca Conan - Donin há 10 anos e Magalhães desde 1987.

E, por último, a resenha da primeira edição daquela revista anunciada anteriormente, Conan, o Cimério:

Quando, em março, escrevi sobre Conan, A Lenda, espécie de número zero da nova publicação mensal do mais famoso bárbaro dos quadrinhos, esperava voltar ao assunto dali a algumas semanas, dessa vez resenhando a aguardada versão atualizada do personagem produzida pela Dark Horse. Mas o tempo passou, o que era para ser algumas semanas virou uma espera de meses, tudo porque o pessoal que vai trabalhar com o material no Brasil, a Mythos Editora, não avisou a seus leitores que a nova revista não chegaria ao mesmo tempo em todo o país. Primeiro foram servidas as bancas do famoso eixo Rio-São Paulo, para só depois o que sobrasse seguir viagem para além da Via Dutra. Tal decisão provocou ira na pequena, mas fiel, torcida do personagem criado por Robert E. Howard. Se alguém acha que estou exagerando, é porque não viu as mensagens furiosas em fóruns e listas de discussões dedicados ao seguidor do melancólico deus Crom. Finalmente, no início de julho, a revista Conan, O Cimério (pelo menos é assim que ela é chamada no expediente, mas na capa o nome do bárbaro aparecesozinho, sem adjetivos) ganhou a tão ansiada distribuição nacional.
Boas leituras!

18.9.11

Censo Steampunk

Uma excelente oportunidade de conferir quem são, quantos são e o que pensam os entusiastas da cultura steamer no Brasil está em andamento. Mais uma iniciativa do Conselho Steampunk, o Censo que está sendo promovido no site do grupo pode ajudar bastante a planejar novos eventos e novos lançamentos de livros e outros produtos que tenham a ver com o retrofuturismo em nosso país. Por isso mesmo peço a colaboração dos leitores deste espaço que participem desta pesquisa, respondendo aos campos neste endereço. Desde já, deixo os meus agradecimentos a todos.

17.9.11

Le Steampunk Brésilien

A coautora da Steampunk Bible, Selena Chambers, está promovendo o tour europeu de lançamento e divulgação daquela obra de referência para toda a cultura steamer. Em terras gaulesas, ela deu uma entrevista ao site French Steampunk, que se anuncia como o noticiário da comunidade steamer, dieselpunk e retrofuturista francófona. Naquela conversa, a especialista em Edgar Allan Poe chamou a atenção para "le Steampunk Brésilien" citando nominalmente a Fábio Fernandes e a mim. Abaixo, vou fazer minha tentativa canhestra de traduzir trechos da entrevista que pode ser lida na íntegra aqui:

Perguntada sobre o porquê de não haver tantos trabalhos não-ocidentais no gênero, ela dá exemplos de material fora da esfera anglo-americana, como o do artista chinês James Ng e cita um muçulmano que também se inspira na temática. "Voltando ao lado ocidental", responde Chambers, "há o steampunk brasileiro com Fábio Fernandes e Romeu Martins, que não apenas deixam a marca do steampunk na escrita do país, como também são interessados nos operários e nos heróis esquecidos do século XIX".  Mais à frente, quando pedem que comente sobre o futuro dessa subcultura, ela volta a citar o Brasil:

Na minha opinião, o futuro do steampunk é baseado em duas coisas. Primeiro há todos esses movimentos internacionais, como o steampunk francês e brasileiro, que respiram vida e novas ideias em movimento. A segunda coisa é a ética do "Faça você mesmo", que nunca abandonou o steampunk graças a pessoas como Margaret Kiljoy, culminando com o Green Punk com o qual ela promove no estilo de vida para uma existência mais autossuficiente. Mas não importa em que direção vá o steampunk, tenho certeza de que terá um futuro brilhante pela frente. Acho que estamos apenas começando a ver o seu potencial e há muitas outras coisas por vir.

16.9.11

Weird Cangaço

Olá, amigos! Ana Cristina voltando às ruas enfumaçadas.

(A-há, vocês acharam que eu tinha desistido de ocupar o puxadinho do Cidade Phantástica? Ledo engano. Só estava (mais) enrolada.)

Quando vocês estiverem lendo essa resenha, estarei a caminho de São Paulo. Ou melhor, provavelmente, já estarei lá para acompanhar a entrega do Troféu HQMix desse ano. Não é a primeira vez que vou na cerimônia, mas agora o gostinho é especial, já que meu marido ganhou o prêmio de Melhor Publicação Infanto-Juvenil.

Então, aproveito a ocasião para falar do álbum que ganhou as três principais categorias (Melhor Álbum, Melhor Roteirista e Melhor Desenhista)
deste ano e que tem tudo a ver com vários outros posts do Cidade Phantástica: a graphic novel Bando de Dois, ilustrada e roteirizada por Danilo Beyruth e publicada pela Zarabatana. Li a obra logo após o lançamento, emprestada por um amigo, e comecei a procura para adquirir um exemplar para chamar de meu. Aí entra o grande problema da produção cultural pop brasileira: a distribuição. Ô quadrinho difícil de achar, mesmo nas lojas especializadas aqui do RJ.

Na Bienal, aproveitando a minha jornada heróica nos 11 dias, consegui entrar na Comix antes da criançada que entupia o estande nos dias de semana e finalmente sair com o meu exemplar em mãos!

Capa simpática, né?

Pra começo de conversa, Beyruth é um artista completo. É muito comum termos desenhistas que acham que contar uma história é moleza e saem cometendo atentados contra a arte sequencial por aí. Ou roteiristas que, cansados de lidar com desenhistas, arriscam uns rabiscos indecifráveis. Bando de Dois é a prova que existem casos excepcionais em que um grande desenhista é ao mesmo tempo um contador de histórias sensacional.

Beyruth nos leva até o cangaço, nosso ponto de referência histórica mais parecido com o cenário dos westerns. Traça um relato de vingança, morte e redenção acompanhando os dois últimos sobreviventes de um bando destroçado pela Volante, a tropa que patrulhava o sertão em busca de cabeças dos bandidos, garantia de recompensa na capital.

Os dois aliados tem motivações diferentes. Tinhoso recebe dos espíritos do bando a incumbência de garantir-lhes o repouso final, enquanto Caveira de Boi está atrás de um tesouro cujo mapa ficou no tapa-olho de um dos mortos. A partir desse começo, acompanhamos os dois enquanto traçam um plano de ação e o executam, tentando sempre estar um passo a frente do malicioso Tenente Honório.

A história é bem amarrada, com pouquíssimas pontas soltas (tem um ex-cangaceiro que ajuda os dois até um certo ponto e depois some), situações bem resolvidas e com um ritmo narrativo surpreendente. Beyruth consegue usar uma linguagem quase cinematográfica sem parecer forçado ou sem timing, dando os ganchos e as explicações na hora em que devem surgir na história.

Beyruth sabe que falar fácil é difícil e segue isso no contar da história, sem abusar de firulas ou de desvios que às vezes são tão comuns nos quadrinhos brasileiros.

E a arte é uma coisa maravilhosa.

Já sendo um desenhista excelente desde a época em que publicava o zine do Necronauta (uma das experiências brasileiras mais interessantes na área de super-seres), em Bando de Dois, Beyruth extrapola. Na luz estourada do sertão, ele consegue fazer um jogo de claro/escuro de dar inveja a pintores renascentistas.




Recomendo MUITO a leitura do álbum! E parabéns ao Danilo Beyruth pela conquista tripla!

Faça você mesmo

O título acima é o mesmo que o jornalista especializado nos anos 80 Guilherme Bryan deu a uma matéria que escreveu para a Revista do Brasil sobre os 40 anos do movimento punk. Tive o prazer de ser um dos entrevistados para a produção do texto, ao lado de alguns caras que eu ouvia muito durante minha adolescência, como o Clemente, da banda Inocentes. Falei, como não podia deixar de ser, sobre o controverso lado punk da cultura steamer. Seguem trechos, a íntegra pode ser lida aqui:


Essa maneira de produção cultural influenciou outras artes, caso da literatura de ficção científica. O jornalista Romeu Martins é especialista na área e autor de contos publicados em 2009 na coletânea Steampunk – Histórias de um Passado Extraordinário, que acaba de ganhar edição [parcial, na Steampunk Bible] em inglês. “Tudo começou no cyberpunk, na segunda metade dos anos 1980. O movimento liderado por William Gibson e Bruce Sterling levou a ideologia punk ao mundo da ficção científica, ajudando a dar maior relevância aos verdadeiros produtores do gênero – os escritores – e incluindo uma temática muito mais politizada e não conformista”, explica Romeu. “Quando o escritor K.W. Jeter escreveu uma carta em 1987 para a revista Locus batizando o steampunk, ele apenas fazia uma analogia com o cyberpunk, mas o sentido original, de vagabundo, marginal, começava a se perder”, relata.

“O modo punk de ver o mundo deu maior relevância aos verdadeiros produtores culturais, em todas as vertentes em que se manifestou. Acredito que, mesmo antes da música, já se podia ver isso nos quadrinhos, a partir do momento em que Robert Crumb passou a editar ele mesmo suas revistas e a vendê-las em um carrinho de bebê nas esquinas de São Francisco, na metade dos anos 1960. Esse foi o espírito do jornalista Legs McNeil ao resgatar aquela palavra, que já aparecia nas peças de William Shakespeare, há quase meio milênio, e batizar um fanzine com ela, fazendo com que o termo punk entrasse definitivamente para o vocabulário da contracultura”, acrescenta.

Nova resenha, ainda nos anos 30

Minha resenha mais recente no Universo HQ continua na década de trinta e com cenários típicos do dieselpunk. Desta vez foi o encadernado de Projeto Marvels, minissérie de Ed Brubaker e Steve Epting que comemorou o aniversário de 70 anos dos primeiros personagens da Marvel Comics. Segue um trecho e o link:


No mês em que a "Distinta Concorrência" (a DC Comics) zera sua cronologia mais uma vez, é uma boa pedida ler ou reler a minissérie que celebrou e deu uma nova sensação de continuidade à trajetória da Marvel, desde seus primórdios, quando a empresa ainda se chamava Timely Comics.

Lançada com acabamento de luxo e em uma única edição pela PaniniProjeto Marvels foi originalmente pensada como uma minissérie em oito partes, para comemorar os 70 anos da "Casa das Ideias", em 2009, contando um tempo antes da revolução que Stan Lee trouxe à editora a partir dos anos 60, com a criação do Quarteto Fantástico, dos X-Men, do Homem-Aranha e outros personagens.

O foco aqui era o final da década de 1930, os anos que anteciparam a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, e quando a Timely, inspirada no grande sucesso da, então,National Periodicals (um certo Superman), começava a lançar seus próprios superseres para combater o mal e vender milhões de revistas de quadrinhos. Era a época do Tocha Humana original, do Namor, do Capitão América e companhia.

Para recontar essa história e agrupar toda essa bagagem em uma mesma linha do tempo, foram convocados dois artistas que revitalizaram aquele mesmo Capitão América nos últimos anos. O roteirista Ed Brubaker e o desenhista Steve Epting ganharam a chance de imprimir uma inédita coerência entre o passado da Timelye o presente da Marvel, preenchendo uma infinidade de lacunas.

Continua

11.9.11

Sucesso no Segundo Encontro Vitoriano

Acredito que a opinião tenha sido unânime: o Segundo Encontro Vitoriano foi o melhor evento promovido pela Sociedade Histórica Desterrense. Realizado no último sábado, em um lindo hotel da cidade, próximo à maior universidade local, o encontro reuniu 19 pessoas para aproveitar uma tarde inteira de ótima comida, excelente conversa e diversas atividades, como relatado na página do grupo, que conta com links para mais fotos além desta que pode ser vista abaixo e com um pequeno vídeo gravado na ocasião.

9.9.11

Solarpunk vem aí

A Editora Draco e o escritor e organizador Gerson Lodi-Ribeiro divulgaram as regras para a terceira antologia daquela casa editorial com temáticas retrofuturistas.

Depois da Vaporpunk (2010) e da Dieselpunk (2011), 2012 será o ano da Solarpunk!
Ao contrário das duas antologias punks anteriores, na Solarpunk não julgamos necessário enfatizar o elemento “punk”. Julgamos o “solar” mais importante.
Sério? Como assim?
Simples. Ao escrever seu trabalho com vistas à submissão para a Solarpunk, o autor não precisa se preocupar em exalar aquele clima mezzo noir, aquele cheiro mezzo pessimista, referência de boa parte da literatura fantástica punk. Desejamos que o próprio “solar” seja encarado lato sensu: enredos inspirados no emprego não apenas da energia solar em si, mas em formas de energia alternativas, preferencialmente limpas. Neste sentido, chegamos a cogitar batizar a antologia Greenpunk, ideia rapidamente arquivada pelo fato de abrigar — ao menos em aparência — certa contradição deconceitos.
As tramas tanto podem ser ambientadas em cenários históricos alternativos quanto em futuros próximos ou remotos. Como imaginação está aí para isto, não é inconcebível se pensar em enredos “solarpunks”, conforme os conceitos esboçados acima, ambientados em cenários mais típicos do horror ou da fantasia.
Desta forma, pretendemos reunir na antologia Solarpunk contos e noveletas de ficção científica, história alternativa, horror ou fantasia escritos em bom português, com fins de publicação pela editora Draco em 2012.
Fixamos os limites das submissões entre 4.000 e 10.000 palavras. Isto não quer dizer, em absoluto, que submissões fora deste intervalo serão sumariamente rejeitadas. Se o trabalho submetido possuir qualidade literária e se enquadrar na temática proposta, essa qualidade pesará muito em nossa apreciação, ainda que o texto seja menor ou maior do que o limite proposto. No entanto, cumpre esclarecer de antemão que olharemos com mais simpatia trabalhos dentro do intervalo citado.
Analogamente, gostaríamos de receber trabalhos criativos e originais cujos enredos dissessem respeito, direta ou indiretamente, às culturas brasileira e/ou portuguesa, mostrando o impacto social do emprego dessas formas de energia alternativas na(s) história(s) dessa(s) cultura(s). Acreditamos que é mais fácil escrever bem sobre o que conhecemos melhor. Não se trata de uma exigência estrita.
Trabalhos que nada tenham a ver com o Brasil ou com Portugal serão apreciados com a atenção devida e poderão ser eventualmente aceitos. Porém, convém frisar nossa predileção irrestrita por textos que sejam lusófonos de corpo (i.e, escritos por autores portugueses e brasileiros) e de espírito (enredo, personagens, ambientação lusófonos).
Considerando o poder infinito da imaginação de nossos autores, a amplitude espaçotemporal da temática proposta é incomensurável. Desde as clássicas velas solares (empregadas ora em viagens a outros sistemas estelares, ora em regatas espaciais dentro da gravitosfera do Sol), dos coletores orbitais e dos sistemas eólicos avançados, até geradores capazes de extrair energia do vácuo quântico e injetores de energia vital, coletores de energia multidimensionais ou saltos hiperespaciais proporcionados por orgasmos, diríamos que, literalmente, os universos físicos e ficcionais são os únicos limites para a mente criativa.
Por falar em limites, nossa deadline é 31 de março de 2012, uma vez que o objetivo primário é lançar a antologia na Fantasticon 2012, no início do segundo semestre do ano que vem.
A submissão deve ser mandada somente em versão eletrônica, formato rich text file (.RTF), para o e-mail glodir@unisys.com.br, com cópia de segurança para ericksama@gmail.com.
Confirmaremos a recepção de cada trabalho submetido.
Em caso de dúvida, não hesite em nos contatar.
Se julgar necessário discutir determinada trama ou certa linha de enredo conosco, sinta-se à vontade. O antologista está aqui para isto.☺
Aguardamos a submissão do seu trabalho.
Gerson Lodi-Ribeiro (antologista)
Erick Sama (editor).
Setembro de 2011.

5.9.11

Noir Wars

A resenha que escrevi sobre X-Men Noir para o Universo HQ me fez lembrar de um certo artista, o rei da customização de action figures. E não deu outra, foi só entrar no site do Sillof e descobri que ele também aderiu à tendência lançada pela Marvel de adaptar personagens conhecidos à estética dos anos 30. No caso do customizador, ele fez isso com um projeto antigo dele, de criar múltiplas versões para os protagonistas da saga Star Wars (já falei de algumas dessas linhas de bonecos dele, por exemplo, a que se inspirava no Velho Oeste americano). Então, vamos ver rapidamente aqui algumas das criações de Sillof que levaram o nome de Noir Wars.



Assim como a Marvel fez com seus mutantes, o artista plástico decidiu recriar o universo de George Lucas sem o tom fantástico. Então, os personagens assumiram arquétipos das histórias de detetive desprovidos de qualquer apetrecho hi tech. Na foto acima, vemos ao centro o Detetive Dante Victor, o típico tira sujo da Era da Depressão, que faz às vezes de Darth Vader. Seu braço direito é Bruno Feretta, um capanga siciliano. À esquerda, um dos soldados do chefão corrupto, o Stormtrooper deste mundo.


Aqui temos o detetive particular Hawk Solomon e seu parceiro braço forte, Chuck Boco, um imigrante que fala uma língua que ninguém entende e trabalha nas docas nova-iorquinas.


Já que não existe uma história noir sem uma femme fatale, apresento Lola O' Gannon, a princesa Léia recriada por Sillof. Para ver outros quatro personagens dessa versão bem particular de Guerra nas Estrelas, visite o site do artista.

2.9.11

Kit Steampunk na Loja Estronho

Três livros. Mais de trinta contos. Boa parte da produção steamer brasileira que tanto despertou interesse dentro e fora do país. Tudo isso está à sua espera, com um desconto imperdível, na loja virtual da Estronho.

São as coletâneas Steampunk - Histórias de um passado extraordinário, da Tarja Editorial, com minha noveleta "Cidade Phantástica"; Deus Ex Machina - Anjos e Demônios na Era do Vapor, com meu conto "A Diabólica Comédia - A conquista dos mares"; e Steampink, com o prefácio que escrevi para o primeiro livro só com contos de escritoras nacionais dentro do gênero. Tudo isso com um desconto de R$ 26, 00. Aproveite! Você pode comprar o Kit Steampunk clicando aqui. Boa leitura!

Filhos da Depressão

Sexta-feira, dia de resenhas no Universo HQ e foram postadas duas milhas por lá, que é o maior banco de dados de críticas de quadrinhos do Brasil. Além dos meus comentários sobre o segundo volume do mangá feito na Austrália Hollow Fields, há um texto sobre lançamento do mês que é bastante interessante para quem gosta de anacronismos na ficção. X-Men Noir lança os conhecidos personagens da Marvel nos anos 30, exatamente na mesma linha que já havia sido feita - e comentada por aqui - com o Homem-Aranha. A diferença é que nesta nova adaptação, o roteirista Fred Van Lente teve a ousadia de retirar os poderes que tornaram os mutantes tão famosos e aplicar neles uma abordagem bem mais inusitada. Segue o início da resenha:


E se no lugar dos filhos do átomo os X-Men fossem filhos da depressão? Ou seja, e se em vez de terem sido criados na década de 1960, pela dupla Stan Lee e Jack Kirby, na época da paranoia de uma guerra nuclear entre as duas superpotências, os mutantes tivessem surgido nos anos 30, tempos difíceis para a economia norte-americana e famosos pelos filmes de detetives e pela literatura pulp?

Esta foi a proposta de uma minissérie em quatro partes lançada nos Estados Unidos em 2010 e que foi encadernada no Brasil pela Panini em uma edição luxuosa, com papel de primeira, capa dura e preço camarada. 

Continua